O Secretário Geral da Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC) do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das últimas legislativas na Guiné-Bissau, acusou, esta segunda-feira, o Presidente da República, José Mário Vaz, de estar refém de partidos representando a minoria no Parlamento guineense.
Em entrevista ao «gnbissau.com», Dionísio Pereira, acusou o presidente da república de estar a agir sob as ordens do líder do MADEM-G15, Braima Camará, que terá afirmado que foi ele próprio quem mandou nomear os diferentes primeiros-ministros e algumas personalidades para cargos políticos sublinhando que o Presidente da República apoia o seu partido.
“O líder do MADEM-G15 até desafiou ao Presidente da República para que desmentisse, publicamente, as afirmações por ele proferidas, mas o Presidente não chegou a responder”, afirmou.
Este político afirmou que o próprio líder de MADEM-G15, anunciou que sem a sua votação para o posto de segundo vice-presidente da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP) «não haverá governo».
“O Presidente da República afirmou recentemente de que, enquanto a situação da ANP não for resolvida, não haverá um governo. Isso nos deixa entender que temos um Presidente que está a ser teleguiado, o que é triste”, lamentou.
Pereira disse que o PR não queria que as ultimas eleições legislativas tivessem lugar e nem estava interessado na implementação do acordo de Conacri.
“Todas as decisões tomadas pelo Presidente da República foram sob imposição. Porque, depois das eleições e da publicação dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e com a constituição da ANP, mais uma vez, José Mário Vaz continuou à criar bloqueios ao governo do PAIGC”, acusou o Secretário Geral da JAAC.
Para Dionísio Pereira, o país está perante mais uma crise evocada pelo próprio Presidente José Mário Vaz que não existe, tal como em 2015, quando gerou uma crise que derrubou o então governo de inclusão liderado por Domingos Simões Pereira.
O líder da JAAC confirmou ao «gnbissau.com» que haverá uma manifestação pacífica amanhã onde a população vai demonstrar o seu desagrado com o comportamento do Presidente José Mário Vaz.
“Será uma marcha pacífica, para dar a conhecer à opinião pública o nosso descontentamento face à situação. Já reunimos com o Ministério do Interior onde discutimos o itinerário que será do Bairro d’Ajuda (espaço verde), passando por Benfica indo culminar na Praça Mártires do Pindjiguiti”, explicou.
Este responsável exortou aos jovens no sentido de pautarem pela verdade em defesa dos interesses nacionais, sem inclinação às ideologias dos partidos.
“O interesse nacional neste momento passa pela formação de um governo que tenha a capacidade de desbloquear o país”, explicou.
Questionado sobre a existência de um consenso político após o acordo de Conacri, Dionísio Pereira afirmou que o acordo de Conacri é um instrumento possível de viabilização do retorno do país à normalidade.
“Voltamos à normalidade. Saímos de uma eleição vencida pelo PAIGC e há uma maioria parlamentar proveniente de um acordo de incidência parlamentar” explicou defendendo que, “basta seguir as leis do país mas, mesmo assim, procurando consensos com base nas legislações vigentes.”
Dionísio Pereira exortou a população guineense e a juventude, que constitui a maioria na classe de desempregados no país, de que esta situação será ultrapassada tal como nalguns países que atingiram uma maturidade política, passando necessariamente por esta fase. GN