Abdulai Silá, escritor consagrado na Guiné-Bissau, é homem de várias vivências: viveu parte da sua vida sob o regime colonial e os momentos difíceis da luta armada de libertação nacional do início ao fim.
De Catió a Bissau fez o seu percurso académico que viria a culminar na antiga República Democrática Alemã (RDA), onde obteve diploma de engenheiro electrotécnico. Posteriormente, esteve nos Estados Unidos da América para se adestrar em telecomunicações e informática. “Sempre, foi bom aluno” relatam os seus condiscípulos, enquanto os amigos dizem “é amigo, sempre solidário.” Os colegas de trabalho relatam-no como “bom profissional, e… muito competente”. É membro de várias organizações filantrópicas.
Para além de trabalhos científicos nas áreas da energia e tecnologias de informação e comunicação, é autor de várias obras literárias conhecidas no país e no exterior.
O Abdulai Silá é engenheiro de renome no país, sócio fundador da empresa SITEC (Sila Technologies) e EGUITEL Comunicações Lda (Empresa Guineense das Telecomunicações). Fez igualmente parte do grupo de jovens quadros que no início dos anos 80 criou o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa). Em 1994, depois da liberalização politica, criou juntamente com dois amigos a Ku Si Mon Editora, a primeira editora privada do país.
Pelas obras editadas, que abrangem os mais variados géneros literários (contos, romances e peças de teatro), é dos escritores mais criativos da Guiné-Bissau, facto que indica que tem conseguido conciliar as duas atividades.
GN: Quando sentiu que tem aptidão de escritor?
AS: Não sei dizer. O que lhe posso garantir é que, com ou sem aptidão, eu adoro escrever. E note que eu comecei a escrever relativamente cedo e as minhas primeiras experiências foram registadas em forma de diário. Escrevia frequentemente, sempre que podia, e às escondidas. Até que em 1976, depois do massacre do Soweto, a minha turma no liceu decidiu fazer um jornal mural em solidariedade para com os nossos colegas sul-africanos. Coube-me a tarefa de escrever o editorial. A nossa professora de português gostou e disse em plena aula e perante todos os meus colegas que eu tinha jeito para escrever e que devia continuar a escrever. Senti-me muito orgulhoso com os seus elogios e passei a ter uma motivação extra para escrever. Esse acontecimento foi um momento que de facto marcou a minha relação com a escrita e é, por assim dizer, a única certidão de aptidão que tenho.
Tecnologia e literatura: duas paixões da infância
GN: Custou-lhe dar os primeiros passos?
AS: Sim, os primeiros passos são sempre os mais difíceis, sobretudo num contexto como o nosso, em que não há tradição de escrever, não há estruturas de enquadramento ou apoio ao candidato a escritor, não há concursos literários para estimular, etc. Mas eu escrevia por gosto e – isso é muito importante – sentia-me motivado com o elogio da minha professora, como disse antes, que foi um estímulo com um efeito que não pode imaginar. Naqueles tempos a palavra de um professor tinha valor, não é como hoje… (Risos). Foi graças a tudo isso que consegui concluir dois romances enquanto estudante de engenharia.
GN: Concretamente, como se define como escritor?
AS: Admito que possam existir várias definições, mas para mim escritor é um cidadão que elege como sua tarefa prioritária contribuir com a sua imaginação e criatividade para a promoção de ideais colectivos comuns e livremente assumidos, criação de uma identidade nacional própria e todo o conjunto de factores culturais que sustentam, a nível individual e colectivo, os nobres sentimentos de liberdade, dignidade, tolerância e respeito pelo outro. No fundo, um escritor é acima de tudo um obreiro assumido da paz, do progresso e da justiça e coesão social.
GN: Quais são os temas que mais destaca nas suas obras literárias?
AS: Eu faço parte de uma geração, a tal geração da independência, que viveu uma autêntica epopeia – a libertação do violento e humilhante jugo colonial; essa geração teve um maravilhoso sonho – o de construir com as suas mãos, na paz e na unidade de todo o povo – aquela nação africana forjada na luta que Cabral e seus companheiros idealizaram e de que nós todos nos íamos orgulhar; essa geração vê-se actualmente perante um desaire inimaginável, esse pesadelo que temos vindo a viver de há uns tempos a esta parte e que tanto nos tem envergonhado e entristecido a todos. Essa geração tem que encontrar uma explicação para o desmoronar de um edifício que tinha sido concebido com tanta convicção e orgulho… E na procura de explicação para o inaceitável há só uma certeza que fica: “Failure is not an option”, como dizem os tecnólogos. E é justamente essa convicção, essa crença em nós mesmos,
nossa capacidade de vencer os múltiplos desafios que temos pela frente, essa fé abalada mas sempre renovada de que podemos construir a tal nação de paz e prosperidade que merecemos, que está em primeira linha na lista dos temas que me proponho abordar nas minhas obras. Neste momento de quase colapso total dos nossos sonhos, em que até a nossa sobrevivência enquanto Estado está a ser questionada, temos que ser capazes de olhar para a frente e propor saídas aos nossos concidadãos. E tal como aconteceu no nosso passado, esta tarefa é essencialmente dos Homens de Cultura. Assim, e pesar da tendência pessimista que se verifica em alguns casos, provavelmente consequência do elevado índice de frustração, apraz constatar que uma parcela considerável dos nossos Homens de Cultura está a cumprir o seu papel. Refiro-me aos que, nos seus poemas e canções, incessantemente nos lembram que “um dia no tera na sabi”. É muito encorajador ouvir isso! É um condimento indispensável ao processo de recuperação da nossa auto-estima colectiva e formulação de uma proposta exequível de uma Guiné-Bissau onde reine a harmonia e haja progresso. É nesse projecto colectivo que tento enquadrar a minha produção literária.
GN: Tem um estilo próprio que carateriza os seus trabalhos?
Eu não entendo de estilos, não sou formado em letras, por isso não sei dizer. O que sei é que como um “hobby” que é para mim, faço do acto de escrever um momento de prazer, de liberdade… E, como tal, escrevo como me apetece, sem preocupação nenhuma de seguir estilos ou modelos.
GN: Os seus escritos são dirigidos para algum grupo etário específico ou alguma classe social em concreto?
AS: Eu escrevo em primeira linha para aqueles que, independentemente da classe, idade, género, raça ou confissão religiosa, comungam os ideais de justiça, liberdade, fraternidade e acreditam que é possível fazer deste mundo um lugar onde todos podemos viver melhor.
GN: O Abdulai Silá é, basicamente, de cultura islâmica. Isso tem influenciado os seus escritos?
AS: Eu nasci e fui educado num contexto religioso muçulmano. Os meus pais são ambos muçulmanos praticantes e me ensinaram a religião desde a minha infância. Mas é preciso ter em conta que eu passei por uma situação pouco comum em termos de educação religiosa, na medida em que frequentei, simultaneamente, e por força das circunstâncias, uma escola corânica e outra católica, dirigida por padres italianos. Isso foi em Catió, em meados dos anos 60. Tendo aprendido as duas religiões ao mesmo tempo, descobri que há muita coisa comum entre elas, tais como a caridade, a solidariedade, o respeito e o amor ao próximo, a honestidade, etc. Tudo valores que fazem parte da minha educação familiar, que portanto adoptei desde a fase inicial da formação da minha personalidade e que, por conseguinte, se reflectem de uma forma ou outra na minha maneira de ver o mundo.
GN: Concretamente, o que é que diferencia as obras que já editou? Os temas, conteúdos, objetivos?
AS: Como qualquer outro exercício que praticamos, aprendemos mais e melhor fazendo. Nesse contexto, posso dizer que o que hoje escrevo é melhor do que escrevi ontem, pelo menos em termos de forma. No caso concreto da dramaturgia, área em que me fui aventurando com um prazer cada vez mais acentuado nos últimos tempos, há toda uma técnica que é preciso dominar, o que na minha condição de hobbyista só pode acontecer com a prática. Aprendi muito com as críticas que me foram feitas após a publicação da minha primeira peça de teatro e isso reflectiu-se, acho eu, nos trabalhos seguintes. Quanto aos temas, eles são vários, cobrindo diferentes momentos históricos, mas tendo todos eles o mesmo pano de fundo: contribuir para a elevação da auto-estima e autoconfiança, afirmação dos valores morais e culturais que se consubstanciam na nossa identidade cultural, a esperança numa Guiné-Bissau de paz e sabura…
Aprendi muito com as críticas que me foram feitas após a publicação da minha primeira peça de teatro e isso reflectiu-se, acho eu, nos trabalhos seguintes. Quanto aos temas, eles são vários, cobrindo diferentes momentos históricos, mas tendo todos eles o mesmo pano de fundo: contribuir para a elevação da auto-estima e autoconfiança, afirmação dos valores morais e culturais que se consubstanciam na nossa identidade cultural, a esperança numa Guiné-Bissau de paz e sabura…
GN: A situação sociopolítica do país espelha-se nos seus livros?
AS: Embora tratando-se de obras de ficção, isto é, mera fantasia do autor, não podemos abstrair-nos completamente do contexto social e político em que vivemos. Um romance não é um manual de história, nem uma crónica em torno do tempo presente, mas mesmo assim tem que ter aquilo a que se chama de ‘utilidade social’.
Condecoração do Governo francês
GN: Recentemente foi distinguido pela França, tendo sido nomeado “Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras”. A que se deveu essa distinção?
AS: Segundo o que consta no diploma, a distinção é concedida a pessoas que se destacaram pela sua criatividade no campo da literatura ou deram contribuição para a promoção das artes e letras em França e em todo o mundo.
GN: O ano 2013 parece ser o seu ano, editou mais um livro e agora foi distinguido pela França. Qual é o seu sentimento nesta ocasião?
AS: Se a condecoração recebida do governo francês foi uma surpresa agradável, a publicação do livro foi um acontecimento programado com muita antecedência, daí não se ter revestido de nenhum sentimento especial, antes o mero prazer de ter concretizado um objectivo almejado…
GN: Sente-se “especial” por, nesta conjuntura algo conturbada do país, ter sido distinguido pela França que também sanciona a Guiné-Bissau, na sequência do golpe de estado de 12 de Abril de 2012?
AS: Acho que uma coisa não tem nada a ver com outra. Com ou sem as diskarnas que ocorrem na Guiné-Bissau o mundo continua a caminhar e é preciso que definitivamente entendamos isso… Em todo o caso, eu não posso ter motivos para celebrar num contexto de miséria e de carências de todo o tipo como o que se vive actualmente no nosso país. Repare, por exemplo, que no dia em que teve lugar a cerimónia oficial da condecoração, em Outubro passado, o país estava confrontado com a maior greve jamais verificada no sector do ensino. Todas as escolas públicas estavam paralisadas! Milhares de jovens estavam sendo privados do exercício de um dos direitos mais elementares: o de acesso à Educação, de poder ir à escola. Como é que se pode sentir-se especial num contexto desses? Seria cinismo a mais! Foi por isso que, grato pelo gesto do governo francês, decidi dedicar a distinção aos jovens do nosso país. Àqueles que não podiam ir à escola e, sobretudo, àqueles que ainda mantêm a fé de poderem vir a ser um dia, graças ao seu empenho e inteligência, e num país civilizado, gente bem especial. Tal como eu e os da minha geração sonhamos um dia, nos primórdios da independência…
O papel do escritor numa sociedade em crise
GN: Há pouco tempo participou na criação da AEGUI, a Associação de Escritores da Guiné-Bissau, tendo sido eleito como seu presidente. Quais são as suas expetativas relativamente a esta organização?
AS: Acho ter chegado o momento de pôr ordem em certas coisas neste país. Nós éramos um dos poucos países no mundo, senão o único, sem uma associação de escritores funcional. Para além de outras implicações óbvias, esse facto, em si, era um obstáculo ao desenvolvimento de uma componente primordial da nossa Cultura. Não era aceitável que se permitisse o alastrar do caos e da diskarna que se assiste noutros domínios da vida nacional. O escritor tem, em todos os países civilizados, um papel especial e, num contexto de crise de valores, como é o nosso caso, ele ganha uma responsabilidade acrescida. Impunha-se assim o mínimo de organização e uma certa dinâmica para que os escritores, todos juntos, possam assumir essas responsabilidades, as pessoais e as colectivas. É isso que espero que se consiga com a AEGUI.
GN: Algumas vozes críticas dizem que os guineenses escrevem pouco. Acha justa essa apreciação? Porquê?
AS: Como é que se pode escrever muito num país em que quarenta anos depois da independência mais de metade da população anda de costas viradas com a Educação? Quantas bibliotecas temos no país? Quantas livrarias? Ora, só se escreve onde se lê! E o hábito de leitura não se cria de um dia para o outro, nem se incute por decreto presidencial. Tem é que ser estimulado com medidas concretas, com políticas adequadas, educando os cidadãos em primeiro lugar… Nós temos problemas de fundo neste país, questões que têm a ver com a nossa afirmação enquanto nação que se pretende moderna, que têm que ser encaradas de frente e resolvidas. Não dá para adiar mais, nem tão pouco fingir que não existem.
GN: Com que apoios conta a recém-criada associação de escritores?
AS: Neste momento só conta com o apoio que mais conta: o dos seus membros.
GN: Permita que mudemos para outro assunto. Faz política partidária?
AS: Politica partidária? Não, nunca fiz, e provavelmente jamais farei!
GN: Porquê?
AS: É uma opção que fiz há muitos anos, desde a minha tenra juventude, e ainda não tenho motivos para mudar…
GN: Deixe-me ser mais direto: tem alguma tendência política?
AS: Sim, tenho algo que vai para além de uma mera tendência (risos). E sabe o que é? Trabalhar todos os dias, com toda a minha capacidade e inteligência, nas duas áreas que escolhi há muito, muito tempo: a tecnologia e a cultura.
GN: Essa atitude reflecte-se na sua postura na sociedade?
AS: Absolutamente.
GN: O Abdulai Silá nunca participou num Governo desde a abertura política. Não tem havido convites ou, simplesmente, decidiu não fazer política?
AS: Como já disse, eu faço política de uma forma permanente, profissional, nas áreas em que me sinto mais habilitado. Acho que as minhas opções são bem patentes e diria até conhecidas de todos. Quanto à questão de participar em algum Governo, deixe-me dizer-lhe uma coisa: eu tenho muito respeito e consideração por algumas pessoas que passaram pelo Governo e fizeram um bom trabalho, deram sempre o melhor de si… São pessoas competentes, honestas e dedicadas. Essas pessoas merecem todo o meu reconhecimento como cidadão. Tendo dito isso, deixe-me também dizer isto: fazendo o balanço geral da governação deste país, só se pode chegar a uma conclusão, uma triste conclusão, que aliás a realidade, esta dura realidade, se encarrega de nos expor todos os dias, em todos os cantos do país: mediocridade e incompetência assustadora. Já viu quanta gente foi ministro neste país? Devemos ter a maior percentagem per capita no mundo! A maioria sem preparação técnica nenhuma, sem experiência administrativa, sem nada! Para alguns até foi o primeiro emprego, imagine-se! A função de ministro está completamente banalizada… Perante essa realidade, e por mais ridículo ou paradoxal que possa soar, pode ser reconfortante dizer-se que “no ka mati na mandjuandadi di kils ki dana tera”, como cantou o saudoso Aliu Bary.
GN: Mas não seria algum egoísmo da sua parte dedicar-se exclusivamente às suas actividades privadas, sem prestar serviço público?
AS: Eu presto serviço público, sim. Mas faço-o onde sou mais útil.
GN: Quer especificar?
AS: Eu presto serviço público não remunerado em várias frentes, sobretudo na das tecnologias da comunicação e na da literatura, áreas que domino melhor. Tenho na minha agenda semanal períodos exclusivamente reservados para receber, aconselhar e apoiar jovens candidatos a escritores. Esse é um trabalho fundamental, que todavia não é visível e normalmente não traz frutos imediatos. Ademais, como editor, recebo e analiso manuscritos de muita gente, jovens e adultos, para efeitos de publicação. Sabe quanto tempo leva avaliar um manuscrito na perspectiva de editor? Muito mais do que certos assessores ou conselheiros dedicam ao trabalho para que são oficialmente nomeados e mensalmente pagos. Nesse contexto, orgulho-me de ter contribuído para a divulgação das obras de três dos mais jovens e mais talentosos escritores do nosso país. É gente com 18, 21 e 22 anos que conseguiu concretizar bem cedo a ambição de publicar um livro. Só para lhe dar uma ideia, eu andei durante mais de 10 anos à procura de um editor para os meus romances… Mas para além da área cultural e educativa, há a área social onde também intervenho voluntariamente, apoiando associações juvenis e outras organizações sem fins lucrativos, cujos nomes não vou obviamente mencionar aqui, mas que são conhecidas. A propósito, sabe que em 1976, enquanto chefe de uma Brigada de Alfabetização, eu era o membro mais novo da então Comissão Nacional de Alfabetização que era chefiada pelo camarada Tchico Té, Primeiro Ministro na altura, e que integrava personalidades de renome como o Professor Paulo Freire? Last but not least, certamente já ouviu falar da iniciativa Pauteros de Tecnologia, um programa multidisciplinar de captação e promoção de talentos jovens, na qual participei como promotor e instrutor, que permitiu a muitos adolescentes desvendar bem cedo os segredos do computador, aprender os primeiros passos de programação em informática e descobrir os seus verdadeiros talentos. Enfim, poderia mencionar mais acções em que ponho o meu tempo, o meu conhecimento e a minha experiência de décadas ao serviço dos que mais necessitam e em áreas fundamentais para o desenvolvimento do país, sem que essas acções sejam sequer do domínio do grande público, nem tão-pouco remuneradas. Não conheço melhor forma de prestar serviço público…
GN: Mas voltando à questão inicial, do Governo…
AS: Você sabe melhor do que eu como as coisas funcionam… (risos) Ser membro do Governo aqui não é uma questão de competência ou de mérito, longe disso. Aliás, se fosse isso a nossa situação seria certamente outra, teria havido algum desenvolvimento, não a miséria que nos aflige cada dia mais… Mas como sabe, as escolhas têm sido sempre feitas na base de um critério bem claro e objectivo: conexão. Conexão familiar ou partidária. Nada mais! Ora, como diz a sabedoria popular, “kin ki ka bai guerra ka ta panha bala”…
A Guiné-Bissau e o futuro
GN: A Guiné-Bissau acaba de completar 40 anos como estado livre e soberano. Em poucas palavras, que apreciação faz do seu país?
AS: A mesma que a maioria dos nossos concidadãos faz: o nosso país anda perigosamente à deriva, sem uma liderança capaz de congregar os guineenses em torno dos ideais de paz, liberdade e progresso, cuja concretização todos ambicionamos mas que tem vindo a ser injustamente adiada para o desespero de todos nós. Mas este também é o país que, como disse um actor recentemente, “vai renascer das cinzas para se tornar no mais belo jardim do mundo”.
GN: O Silá é um “guinépessimista”, como nalguns círculos se referem às pessoas que acreditam que este país é um estado falhado, ou, acredita que há hipóteses de superar esse estado?
AS: Antes de mais, permita-me dizer-lhe que se eu fosse um “guinepessimista” ou algo parecido, há muito tempo que não estaria cá. Tão simples como isso. Teria seguido a pegada de muitos colegas, pois oportunidades para tal não me faltaram. Mas acontece que eu acredito no futuro deste país e os factos estão aí para o comprovar: o meu empenho, dia após dia.