Doze, personalidades pretendem chegar à Presidência da República Guiné-Bissau, um candidato a menos do que em 2014. O país procura a eleição da quinta figura “eleita democraticamente” desde 1994, ano das primeiras eleições multipartidárias do país. Os percursos e perfis políticos dos candidatos são diferentes, assim como as suas ideologias.
Um dos estreantes nestas eleições é Gabriel Fernando Indi, candidato apoiado pelo Partido Unido Social Democrata (PUSD). Tem o curso de Direito por concluir em Portugal e está sempre ligado ao futebol nacional, tendo dirigido por alguns anos o Futebol Clube de Safim, sediado a 16 quilómetros de Bissau.
Por sua vez, Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15) é general na reserva e já foi primeiro-ministro, entre dezembro de 2016 e janeiro de 2018, ano em que Carlos Gomes Júnior, candidato independente, regressou à Guiné-Bissau depois de seis anos de asilo em Portugal.
Empresário conhecido com o nome de “Cadogo”, Carlos Gomes Júnior foi presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) durante doze anos e foi primeiro-ministro em duas ocasiões (entre 2004 a 2005 e de 2009 a 2012). Quem também foi primeiro-ministro e é candidato às eleições é Baciro Djá, líder e candidato da Frente Patriótica para a Salvação Nacional (FREPASNA). É psicólogo formado em Cuba e foi também Ministro da Defesa Nacional.
As eleições presidenciais de 24 de novembro vão contar ainda com a candidatura independente de José Mário Vaz, economista formado em Portugal, que concorre para a sua própria sucessão no cargo. Antes de assumir a Presidência da República, foi ministro das Finanças.
A figura mais antiga nesta corrida eleitoral é Iaia Djaló, líder e candidato do Partido da Nova Democracia (PND). Formado em Administração Pública, na Nigéria, concorre desde 2005 e, entre as funções de relevo que ocupou no país, foi ministro dos Negócios Estrangeiros e segundo vice-líder do Parlamento.
O vice-presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam, engenheiro de aviação civil formado na antiga União Soviética, é presidente da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) e também concorre às presidenciais. Nabiam tinha sido candidato independente em 2014, quando foi lançado pelo antigo Presidente falecido Kumba Ialá.
Empresários querem a Presidência
O embate eleitoral vai contar com alguns empresários à busca da Presidência da República. Um deles é Idriça Djaló, do Partido da Unidade Nacional (PUN). É economista formado em França e atualmente faz investimento no setor turístico da Guiné-Bissau. Chegou a atuar nos setores da pesca e de combustível.
Outro empresário a concorrer nessas eleições é Vicente Fernandes, líder do Partido para a Convergência Democrática (PCD). Esta é segunda vez que tenta chegar à Presidência, depois de o ter feito em 2012. É advogado formado em Portugal e, atualmente, detentor de uma empresa de filtração, tratamento e venda da água.
Entretanto, o estreante absoluto na arena política e na concorrência às eleições é o empresário Mutaro Intai Djabi, engenheiro civil formado em França.
Domingos Simões Pereira é também um dos que ambicionam a Presidência da Guiné-Bissau. Engenheiro civil formado na antiga União Soviética e com doutorado em Ciências Políticas, em Portugal, é ainda líder do PAIGC e foi primeiro-ministro entre julho de 2014 e agosto de 2015.
António Afonso Té, presidente do Partido Republicano da Independência para o Desenvolvimento (PRID). É tenente coronel na reserva e foi vice-chefe de Estado Maior General das Forças Armadas Guineenses. É a terceira vez que concorre às presidenciais.
Ausência de participação feminina
As presidenciais deste ano, tal como em 2014, não registam a participação de nenhuma mulher. A única que se disponibilizou, Nancy Schwartz, viu a candidatura rejeitada pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
A campanha eleitoral iniciou no sábado (02.11) e, a propósito, a DW África ouviu os guineenses. “Não esperamos que os candidatos insultem uns aos outros sem uma visão clara. O passado não nos importa, o que importa é o presente e o futuro”, disse um jovem estudante universitário.
Outra cidadã guineense desvaloriza o momento tenso na política guineense e exprimiu o seu desejo para a campanha eleitoral. “Sei que tudo vai correr bem. Acho que vamos fazer uma campanha com civismo e que ninguém vai criar turbulências”, disse.
A opinião é partilhada pelo jovem recém-formado, que chama responsabilidade aos eleitores. “Acho que tudo vai correr normal. Agora cabe a nós cidadãos assumirmos as nossas responsabilidades”, afirmou.
AS POSIÇÕES DOS CANDIDATOS NO BOLETIM DE VOTO
A Comissão Nacional de Eleições realizou, no dia 19 de Outubro, o sorteio da posição dos 12 candidatos às presidenciais de 24 de novembro no boletim de voto.
Os Candidatos presidenciais Mutaro Intai Djabi, Domingos Simões Pereira e Vicente Fernandes ocupam três primeiras posições do boletim de voto. Concorrem às eleições de 24 de novembro na Guiné-Bissau 12 candidatos entre independentes e os apoiados por partidos políticos.
Em primeiro lugar (1) está o candidato Mutaro Intai Djabi, independente, seguido de Domingos Simões Pereira (2), do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e de Vicente Fernandes (3), do Partido de Convergência Democrática.
Na quarta (4) posição fica António Afonso Té, do Partido República da Independência para o Desenvolvimento (PRID). O candidato Nuno Gomes Nabian, da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), ocupa a quinta posição (5), seguido de Baciro Dja (6) da Frente Patriótica de Salvação Nacional (Frepasna), e de Carlos Gomes Júnior (7), independente.
Na oitava posição (8) fica Gabriel Indi, do Partido Unido Social Democrático (PUSD), e na nona (9) Idrissa Djaló, do Partido da Unidade Nacional (PUN) .
A décima posição (10) no boletim de voto é ocupada por José Mário Vaz, candidato independente, seguido de Umaro Sissoco Embalo (11), do Movimento para a Alternância Democrática. Na última posição do boletim de voto fica Iaia Djaló (12), do Partido da Nova Democracia (PND).
Governo condena convocação da reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional
por José Mário Vaz
O governo condenou a convocação daquilo que considera “pretensa”, reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional pelo candidato José Mário Vaz, nos moldes em que o fez e no momento em que decorre a campanha eleitoral para as presidenciais de 24 de Novembro.
Em comunicado da reunião do Conselho de Ministros Extraordinário, realizado esta quarta-feira, na qual se analisou a actual situação política do país, o colectivo ministerial refere que essa iniciativa de José Mário Vaz configura uma grave atentado ao clima de paz e estabilidade reinante na Guiné-Bissau e confirma a tentativa de golpe de Estado denunciado em tempo útil pelo primeiro-ministro.
O Conselho de Ministros denunciou a ignóbil tentativa do candidato José Mário Vaz de impor, à todo o custo, o Governo inconstitucional e ilegal por ele instituído e que foi condenado por toda a comunidade internacional.
O executivo condenou toda e qualquer tentativa de coacção e ameaças sobre os agentes de segurança e ordem, visando levá-los a executar o plano de golpe de Estado.
Congratulou-se e encoraja as forças de segurança e ordem pública a manterem-se fiéis aos desígnios da paz, e estabilidade, e determinados ao cumprimento da sua missão republicana de defesa da ordem democrática estabelecida.
O Governo exortou as forças de Defesa e Segurança a manterem-se equidistantes das actuais querelas políticas cuja responsabilidade cabe, por inteiro , ao candidato José Mário Vaz.
Apela aos funcionários públicos que prestem serviços no Palácio do Governo a retomarem os trabalhos naquelas instalações a partir de amanha, dia 07 de Novembro.
O executivo de Aristides Gomes apela ainda as forças vivas da nação e ao Povo em geral a se manterem calmos e serenos perante esta vã tentativa do candidato José Mário Vaz, de provocar a desestabilização do país e comprometer o processo eleitoral em curso, bem como impedir a realização do julgamento dos suspeitos de tráfico de droga, detidos no quadro da Operação Carapau, levada a cabo pela Polícia Judiciária guineense, em colaboração com as suas congéneres internacionais. ANG