Vinte e quatro horas depois do início da aplicação do decreto governamental do estado de calamidade a saúde pública, vozes da sociedade contestam os procedimentos da implementação da decisão governamental.
“Antes do covid-19 nos matar com os nossos filhos, as restrições impostas pelo decreto governamental é que nos vai matar”, protestam mulheres vendedoras do mercado de Bandim do país.
As bideiras, a maioria chefes de família, acusam o General-Presidente de ser o autor das decisões que vão contra o povo uma vez que não têm em conta as suas particularidades e a sua luta diária pela sobrevivência.
Efetivamente, a imposição do fecho dos locais de venda, principalmente o mercado municipal do país, a partir das 15 horas é fortemente contestado pelas bideiras (vendedoras) que afirmam que dessa forma não conseguem ganhar para manter a família.
As bideiras, que engrossam o sector informal, garantem que as limitações impedem-nas de ganhar o sustento diário uma vez que não se limitam a ordenar o cumprimento das medidas sanitárias de prevenção, espaçamento entre elas, mas também impedem-nas instalar-se nos locais habituais das vendas.
A associação dos retalhistas dos mercados, em conferência de imprensa no fim-de-semana, pela voz do seu presidente, lamentou a decisão que dificulta a circulação dos vendedores no país bem como o facto do governo não disponibilizar verbas para ressarcimento dos prejuízos.
Contudo, o ministro do Interior veio ao público confirmar a implementação “rigorosa” das medidas que constam no decreto do governo. Botché Candé afirmou que a missão das forças militares e paramilitares é defender a Pátria e os cidadãos.
Nestes primeiros dias do estado da calamidade, tem havido protestos nas rádios do uso desproporcional da força pelos agentes da ordem pública.
Entretanto, face ao crescimento da onda de protestos tudo leva a crer que algas medidas vão ser amenizadas para evitar agitação social.
O decreto diz que: “Em apenas um mês, entre 18 de julho e 22 de agosto de 2021, ocorreram cerca de 1500 novos casos de infeção, correspondente a 27% de todos os casos de COVID-19 no país, desde o início da pandemia. Durante esse mesmo período, um total de trinta (30) cidadãos guineenses perderam a vida devido à COVID-19, representando um terço (33%) de todas as mortes desde o início da pandemia, em março de 2020. A taxa de positividade triplicou num período de três semanas, passando de 5,3% para 15,1%.”