Por; Humberto Monteiro
Quem acompanha a evolução da crise política e institucional na Guiné-Bissau, desde o princípio, nota a fragmentação da sociedade em “campos”, de acordo com o posicionamento dos contendores no xadrez social e político.
Em primeiro lugar, de parte a parte elevam-se figuras em ilhas de poder que se projetam, ou, se revelam com claras pretensões de assumir protagonismo com ideias avançadas emolduradas de grandes ambições. Estes jogam forte, deitam mão a todos os meios humanos disponíveis, despendendo avultadas somas em dinheiro, para criar imagem que influa de alguma forma na maneira de pensar da sociedade, ou, mexa com algumas faixas, as mais activas (jovens, mulheres e líderes religiosos e das comunidades), que podem eventualmente fazer pender o balanço a favor.
Em segundo lugar, busca-se o comprometimento de cada elemento ou grupo com a “causa”, condicionando a forma de pensar e, consequentemente, de actuar em função dos parâmetros definidos a priori para os fins que se procuram atingir.
Em terceiro lugar, a liberdade de pensar e de agir fora das linhas balizadas significa, como disse alguém, ÊTRE DE L’AUTRE CAMP (estar no outro campo) e, por isso, ser de pouca confiança.
A “guerra” tem que abranger TODOS, ninguém pode ficar fora ou pensar diferente, sob pena de lhe atribuírem o RÓTULO de CONTRA NÓS, mesmo não sendo o caso. Na maioria dos casos isso é feito de má-fé com o propósito de envenenar relacionamentos e criar ambientes impróprios para entendimentos quando necessário for.
Ou seja, chegou-se ao ponto das definições apontarem de forma peremptória QUEM NÃO ESTÁ COMIGO é porque ESTÁ CONTRA MIM ou se então, pode não ser contra mas NÃO APOIA A CAUSA. A equidistância não conta para nada a ENTOURAGE esforça-se por destruir o relacionamento entre amigos para garantir o usufruto de LABAREMU (gratificações) que caem cada vez que o chefe entende que foi bem servido, ou que lhe foi garantido que a mensagem que transmitiu teve “grande impacto”. Como a entourage está para bater palmas e gabar, o líder é venerado, ninguém corrige os erros de comunicação, as imagens inadequadas, os discursos mal preparados que são postos a circular. É lógico que quem não sabe não pode corrigir coisas que estão fora dos limites do seu conhecimento. Assim, as SAKLATAS (asneiras) tidas em grande conta vão se sucedendo e acumulando com todas as consequências que podem no devir próximo.
Assim vai a Guiné-Bissau.
Os novos líderes marcam posições; definem parceiros; alinham as baterias disparam a esmo por dá cá aquela palha, sem contenção, mal aconselhados, comprometendo os resultados. Na tentativa de fazerem melhor acabam por errar nas escolhas ou definição das opções que fazem por julgarem que SABEM TUDO ou PODEM MAIS QUE TODOS.
Melhor que falar muito e não dizer nada em contendas infindáveis e sem proveito para a maioria dos guineenses, é manter reserva.
MELHOR que bajular por uma tuta-e-meia é manter equidistância e liberdade de pensar e de agir em consciência perante a sociedade, os actores sociais especialmente os políticos sem qualquer distinção.
O CONTRIBUTO, melhor que se pode dar a qualquer personalidade é expressar, transmitir, difundir a verdade dos factos a que está adstrita, sem influências perniciosas que possam por em causa o seu bom nome, a sua honra e dignidade, por serem predicados que não têm preço.
ENFIM: O princípio sacrossanto que norteia o nosso funcionamento é: “A César o que é de César”.
NADA MAIS NADA MENOS!