Depois dos agitados dias que marcaram as eleições legislativas, o país volta gradualmente à normalidade. Os ânimos exaltados na sequência de um ou outro resultado inesperado, vão se apaziguando aos poucos à medida que a voz da razão vai se impondo e a realidade revela factos que levam a mudanças de comportamento trais como a luta árdua pela sobre- vivência que absorve grande parte da disponibilidade do cidadão.
Enquanto uns marcham para frente, ou preparam-se para tal, nomeadamente os que ganharam, outros, os que saíram derrotados, têm obrigatoriamente, caso desejam continuar na senda política, que fazer análises profundas das estratégias usadas, sobretudo os pontos em que floram cometidas as falhas que supostamente levaram à obtenção de maus resultados onde se julgava que a vitória estava garantida. Os centavos gastos na pré-campanha e na campanha eleitoral são contabilizados detalhadamente. Se os fundos investidos saíram de bolsos próprios a preocupação é lutar hoje, amanhã e nos próximos tempos para fechar o rombo uma vez que outras responsabilidades assim o exigem.
Os que gastaram muitos milhões provenientes de “financiamentos” de amigos ou parceiros, esses têm exercícios mais complicados a fazer. Justificar as despesas feitas e eventualmente tentar convencer de que a derrota sucedeu por razões alheias à sua vontade, apontando eventuais erros verificados durante o escrutínio e, fundamentalmente, prometer, prometer, corrigir para a próxima vez alterar as coisas. Mas o que se diz é que quem investe quer resultados palpáveis uma vez que ao ajudar perspectivou qual- quer coisa como contrapartida ao investimento.
Quantos milhões forram investidos na campanha eleitoral passada? Um dia alguém apre- sentará as contas ou haverá forma de se saber quanto gastou cada formação política numa determinada campanha eleitoral. Pelo país proliferam estruturas de partidos políticos, as chamadas sedes, algumas aluga- das por um ano, outras um pouco mais. Está provado que manter uma formação política na Guiné-Bissau envolve despesas que são suportadas por dirigentes uma vez que os militantes, a maioria, não pagam as quotas e, mesmo pagando o dinheiro não chega para cobrir todas as necessidades.
É por essa razão que muitos Partidos não têm sede própria, outros só alugam sedes em períodos eleitorais fim dos quais fecham as por- tas. Como sempre, este ano mui- tos milhões, diz-se até bilhões de francos CFA foram gastos durante o pro- cesso eleitoral em materiais de propaganda, comícios, aluguer de sedes nas regiões ou pontos de grande concentração populacional, sem contar com os fundos aplicados em compras de consciência denuncia- das durante o processo eleitoral.
Conforme as declarações de José Mário Vaza, no segundo semestre serão realizadas as eleições presidenciais. Também serão gastos muitos milhões de francos CFA em materiais de propaganda, junto das chamadas “pessoas influentes”, e não só, com o objectivo de angariar e garantir votos certos.
O que se questiona é: quando haverá um controlo efectivo da aplicação de fundos nas campanhas eleitorais?