Por: Humberto Monteiro
Ao cair o pano das eleições legislativas, o normal é que os guineenses se empenhem noutros assuntos do quotidiano que não tenham nada a ver directamente com a política partidária da disputa para a conquista do poder para governar o país.
Efectivamente, na maioria dos casos é isso que sucede porque, como se diz à boca cheia em todos os cantos do país “kampu kinti” (leia-se a conjuntura está difícil). Daí que o cidadão comum não tem tempo a perder com o que se passa nas sedes dos partidos políticos, quer os vencedores depois da euforia da vitória, seja os derrotados depois das ondas de desagrado e das contas das consequências que advirão nos próximos tempos e até a realização do escrutínio da XI Legislatura.
Mas, contiudo, se por um lado o advento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, designadamente o uso dos telemóveis trouxe algo bom na Guiné-Bissau no relacionamento entre os cidadãos, entre a cidade e o campo, o uso que hoje em dia se faz deles nomeadamente nas redes sociais deixa muito a desejar. Enquanto para muita gente as redes sociais são usadas para trocas de ideias, debates, esclarecimentos, para fazer circular informações úteis, para muita gente é espaço para práticas indecorosas.
Se por um lado se compreende a preocupação dos cidadãos, a maioria que tem acesso aos telefones inteligentes, que permitem fazer circular informações imagens e som em tempo real, sim, a preocupação de saber o que se passa ao seu redor, no seu espaço de amizade e no mundo em geral, olhando ao reverso da medalha observa-se que, para muitos, é simplesmente um espaço para servir interesses inconfessos, espalhar confusões, fazer circular rumores que desestabilizam emocionalmente qualquer cidadão que, depois das crises recorrentes que se sucederam no país, actualmente almeja apenas viver tranquilo num ambiente paz com todos os seus irmãos amigos e conhecidos.
É um grupo de gente permanentemente insatisfeita, que se presta a fazer jogos para servir ALGUÉM que só eles sabem definir. É gente que vive bem em ambientes de instabilidade, levam e trazem recados da desgraça alheia ou atiça desentendimentos para tirar proveitos. Quanto ganham? Certamente muitas coisas pois, a não ser assim, não se dedicariam a um serviço tão baixo quanto negativo. A ilação que se pode tirar é que a esse tipo de pessoas faltam escrúpulos e sentido da realidade e da verdade dos factos. Hoje, todos os guineenses, salvo raras excepções, querem e defendem todas as causas que levam a instauração de uma paz duradoura no país em que não haverá espaço para a instauração de crises que possa conduzir a estagnação da Guiné-Bissau que, depois de mais de 40 anos ainda marca passos no mesmo lugar.
Já se viu, foram observadas pessoas, e eventualmente podem ser identificadas na praça pública que só se sentem bem quando a Guiné-Bissau vive em crise. A crise político-militar de 7 de Junho de 1998 que se prolongou até Maio de 1999 e a última crise despoletada com a exoneração de DSP das funções de Primeiro-Ministro em Agosto de 2015, são provas dessa triste realidade. E mais não acrescento.