TEMPESTADE NA ARENA POLÍTICA NACIONAL: UMARO EMBALÓ VERSUS BRAIMA CAMARÁ?
Por: Humberto Monteiro
Reconhecidamente, a grande virtude dos Guineenses é a sua coragem de lutar, consentir sacrifícios, por uma causa, até a vitória final. Mas, inversamente, o seu grande defeito é a incapacidade de gerir uma conquista sem entrar em disputas em defesa de interesses pessoais.
No último fim-de-semana um grupo de figuras influentes da sociedade civil terá conseguido reconciliar Umaro Sissoco Embaló e Braima Camará que, supostamente, terão estado em rota de colisão que, caso se concretizasse, poderia conduzir a decorrências periclitantes.
De simples rumores que circulavam em Bissau e por todo o país, que davam conta da alegada zanga que havia entre dois protagonistas de peso na política Guineense, Umaro Sissoco Embaló e Braima Camará, hoje as evidências revelaram certezas absolutas. O MAL-ESTAR EXISTIU MESMO E AS CONSEQUÊNCIAS ERAM IMPREVISÍVEIS, apesar de ter havido uma aproximação das partes protagonizada por algumas personalidades influentes da sociedade civil.
Os dois parceiros que alinharam os interesses assim como as respectivas posições durante as últimas eleições gerais, supostamente, estiveram de costas viradas e, não obstante as tentativas de aproximação das partes, através de pessoas interpostas, a situação tendia a agravar-se se não tivesse havido reiteradas iniciativas de conciliação sob os auspícios de cidadãos de boa vontade, preocupados com a situação interna do país.
Numa determinada altura, consta que, por ordem superior, terão sido removidos os elementos que garantiam a proteção do líder do MADEM-G15, facto considerado nos meios políticos “gravíssimo” porquanto, tendo em conta alguma agitação reinante, deixava o político exposto a qualquer ação contra a sua integridade física. Era uma expressão de força, demonstração de que o detentor do poder não estava com meias medidas.
Numa curta retrospectiva histórica, recorda-se ainda que foi graças a Braima Camará Coordenador do Movimento para a Alternância Democrática – Grupo dos 15 (MADEM-G15), que Umaro Sissoco Embaló terá sido nomeado Primeiro-Ministro. Posteriormente, Embaló integrou a nova formação política que ulteriormente viria a suportar a sua candidatura à Magistratura Suprema.
O mal-estar entre os dois políticos chegou ao ponto de induzir Braima Camará a fazer pronunciamentos públicos que apontavam alguma atuação inadequada do Presidente da República, nomeadamente a assumpção de decisões no âmbito do Executivo, colocação de pedras no aparelho de governação, ignorando propositadamente o facto do MADEM-G15 deter a maioria na aliança que enforma a nova maioria na Assembleia Nacional Popular.
Em diversas situações, que até foram reportadas nas redes sociais, o Coordenador do MADEM-G15 lamenta “nem com Domingos Simões Pereira sofri tanto quanto sofro hoje em dia” o tratamento a que é submetido (pelo Chefe de Estado).
O agravante da situação que se vivia é que, de parte a parte, surgiam apoiantes que expressavam apoio a quem suportavam. A iniciativa de reconciliação teve lugar em boa hora uma vez que o desentendimento podia descambar e desestruturar a aliança que compõe a maioria parlamentar, na base da qual o governo é formado.
Quanto tempo vai durar o entendimento entre Embaló e Camará? É difícil predizer uma vez que, desde que mundo é mundo, DOIS GALOS NUNCA CANTARAM NA MESMA CAPOEIRA.
Tanto nas redes sociais, como na sociedade, os dois são apontados como “arrogantes”, que exibem as suas capacidades de liderança, interferem onde não devem. Nos mesmos espaços Umaro Embaló é apontado de forma crítica devido, alegadamente, às suas ingerências nas competências do poder executivo substituindo-se em várias situações ao Primeiro-Ministro. Braima Camará é indicado como quem tenta, sempre, influenciar o Presidente da República nas tomadas de decisões ou, que lhe consulte antes de fazer qualquer coisa. Mas, como Embaló não se tem enquadrado nos parâmetros que o coordenador do MADEM-G15 pretende, daí a existência de fricções. Como exemplo ilustrativo, apontam a remodelação governamental, as mudanças de pedras feitas sem o aval de Camará.
Mas, todavia, tanto um como outro tem um amplo espaço em que a sua liderança faz fé. Não obstante Umaro Sissoco Embaló ser Presidente da República, Presidente de todos os guineenses, ser um órgão constitucionalmente estabelecido, podendo impor e dispor em muitos quadrantes da sociedade, influenciar os órgãos da soberania, Braima Camará é o líder da maior formação política com assento parlamentar no âmbito da nova aliança parlamentar. Esse facto tem o seu peso e pode influenciar muitas coisas no país e não só.
REMODELAÇÃO GOVERNAMENTAL À VISTA
Superado o “primeiro choque” tudo leva a crer que, ao abeirar do fim dos primeiros dois anos de mandato, inquestionavelmente haverá mais uma remodelação governamental com a finalidade de reajustar as baterias, afinar as estratégias, para garantir os preparativos das eleições legislativas em moldes tranquilos e organizados, e que sejam, seguramente, um passo para a vitória eleitoral.
AS ALIANÇAS POLÍTICAS QUE, ALEGADAMENTE, ESTARÃO EM PREPARAÇÃO TANTO DA PARTE PRESIDENCIAL COMO DO MADEM-G15 SERÃO TEMA A TRATAR BREVEMENTE.