Por: Humberto Monteiro
Umaro El Mokhtar Sissoco Embaló, actual Presidente da República, de 48 anos de idade, é, indubitavelmente, o “político revelação”, e, o mais bem sucedido da última década. Teve uma ascensão meteórica, em 2016 – foi nomeado Primeiro-Ministro a 18 de novembro pelo então chefe de estado José Mário Vaz.
Na altura JOMAV justificando a escolha do novo PM argumentou que o novo governo precisava do “apoio parlamentar ou pelo menos não ter a maioria contra ele”. Por coincidência, essa condição estava bem pensada e devidamente articulada.
No entanto, fala-se até hoje, à boca pequena, de que o General PR terá aplicado a bagatela de três milhões de dólares para que fosse nomeado Primeiro-Ministro. Verdadeiro ou falso? É dos rumores persistentes que até hoje faz parte dos temas das conversas quentes nas bancadas, e espaços de ajuntamento de pessoas, pelo país fora e na diáspora.
Umaro El Mokhtar Sissoco Embaló fez parte do quinto governo da legislatura iniciada em 2014 figurando o seu nome na lista dos possíveis primeiro-ministro, quando o Presidente JOMAV manifestou a intenção de nomear um novo chefe de governo. Concretizou essa ideia a 15 de novembro de 2016 ao demitir o governo de Baciro Djá. Foi o quarto Governo em dois anos de mandato, contando com os de Domingos Simões Pereira, Carlos Correia e de Baciro Djá, por duas vezes.
Em 2019, foi eleito Presidente da República a 29 de dezembro, na sequência das eleições presidenciais disputadíssimas, que logrou vencer na segunda volta com 53,55 por cento dos votos, tendo como adversário, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC.
Entre mitos e verdades
Obviamente a ascensão meteórica do jovem político suscitou uma onda de mitos que se entrelaçam com as verdades sobre aquele que é hoje, indubitavelmente, o Primeiro Magistrado da Pátria de Amílcar Cabral, Presidente de todos os guineenses.
É digno de relato a forma algo estonteante como Embaló surgiu e integrou com efetividade o panorama político nacional – não obstante ter sido patrocinado pelo nubente Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), partido nascido das entranhas da maior formação política do país, PAIGC, constituído por dissidentes, na sua maioria altos dirigentes, desavindos com a direção superior – agitou significativamente a arena política nacional.
Justifica este entendimento o facto dele no passado recente não ter sobressaído, internamente, no aparelho da administração do estado em qualquer categoria.
O apoio que o MADEM-G15 lhe prestou tanto na integração na política como nas corridas eleitorais, legislativas e presidenciais, não inibem os seus méritos pessoais apesar da sua conhecida inexperiência política no país. Há que sublinhar o inestimável apoio do líder do MADEM-G15 ao seu lado na lua política, apesar das fricções registadas recentemente entre os dois, que prontamente terá sido superada através da promoção de encontros de reconciliação entre as partes.
Os cidadãos perante o fluxo de informações que circulam das mais diversas partidas do mundo, designadamente os relatos sobre El Mokhtar Sissoco Embaló, repartem as suas crenças em MITOS E REALIDADES. Em muitas situações, aproveitando-se da boa-fé dos guineenses, os ativistas políticos das hostes que sustentam o General, apontam as suas virtudes, nomeadamente, a sua “famosa carteira de contatos recheada de nomes sonantes (governantes, políticos, empresários) da África e das Arábias aos quais, alegadamente, pode recorrer sempre que necessitar para obter ajudas para o país a superar as dificuldades que afetam os cidadãos e o andamento normal das coisas.
O seu aliado mais forte na sub-região é, sem margem para enganos, e Maky Sall, o presidente do Senegal que sempre esteve ao seu lado desde a altura em que chefiava o governo até a sua eleição e investidura como Presidente da República da Guiné-Bissau. A amizade que liga os dois poderá estar na base das alegações que algures se fazem a esse respeito, que afirmam que “Sissoco não tem agenda. Funciona à base da agenda da sub-região e sob a batuta do seu homólogo vizinho e amigo que é um dos pesos pesados da zona, tanto na UMOA/UEMOA quanto na CEDEAO. Por isso, justifica-se a atribuição do nome do chefe de estado senegalês a uma rua de Bissau.
Inversamente, os seus contestatários procuram desvirtuar esses relatos, desvalorizando-os o máximo possível, tendo por base aproveitamentos políticos escusos que só ambições políticas e a luta pelo poder justificam cabalmente.
Sobretudo, o que marcou os cidadãos foram as previsões das benesses que, caso os eleitores expressassem a sua confiança ao General votando satisfatoriamente, o país mudaria para melhor, as dificuldades, muitas, na educação, saúde, infraestruturas rodoviárias, seriam superadas com os apoios (petrodólares) procedentes de amigos árabes abastados financeiramente.
Os muitos milhões de francos CFA investidos nas duas eleições junto ao eleitorado para garantir votos, elucidam a capacidade financeira do PR ou, melhor, a sua aptidão de mobilizar fundos avultados junto aos potenciais investidores ou seus amigos. A forma como desenvolveu a sua campanha de caça ao voto, os meios usados, primeiro, para suportar a sua eleição a deputado da nação e, posteriormente, à disputa nas urnas ao cargo de Presidente da República, diz tudo relativamente à sua disponibilidade financeira e os suportes com que eventualmente poderá contar em determinadas alturas.
Entretanto, a partir desta sub-região africana e de toda a região do continente, passando a outras partes do mundo, o vaivém de figuras políticas, designadamente, chefes de estado, governantes, empresários, relevam, em certa medida o peso da “carteira de contatos” na sua posse, que não é de negligenciar, embora nalgumas partes se diga que o “filme apresentado” tem algumas partes pouco claras e que é apenas para “o inglês ver”.
A amizade do General PR com o defunto líder líbio é motivo de amplas referências no país, e, fora do país nos meios frequentados por guineenses. Entre o muito e o pouco que se diz, sobre ele, são apontados avultados valores monetários de que dispõe, edifícios no país e algures no exterior, factos que justificam a sua isenção de quaisquer cumplicidades em desvios de fundos do erário público para satisfação de interesses pessoais.
No meio disso tudo circulam rumores sobre as suas ligações alegadamente “pouco recomendáveis”, cujas alegadas evidências “comprometedoras”, apesar de tudo, nem no fragor das eleições e até esta data ninguém foi ou é capaz de revelar com propriedade, de modo a satisfazer os fins para que são criadas e usadas nas disputas políticas.
Os despropósitos do General PR apontados por críticos do regime
– Pretensão de transformar o sistema semipresidencialista em presidencialista, à margem da Constituição da República;
– Sobreposição ao poder executivo nalgumas competências que constitucionalmente não lhe cabem;
– Deputado da nação, denuncia em sessão parlamentar, recepção de telefonema ameaçador do PR, depois de ter considerado inconstitucional a nomeação do vice-primeiro-ministro;
– É Presidente eleito, mas não cumpriu os trâmites previstos constitucional e regimentalmente;
– Afirmação de que concorreu às presidenciais como militar porque “os civis não se entendiam na política”.
– Vice-presidente do MADEM-G15. Até quando está violação da Constituição da República?
Bons recortes da Magistratura de El Mokhtar Embaló
A manifesta disponibilidade de reconciliar com os homólogos desavindos da sub-região, joga claramente a favor do PR guineense, que dessa forma poderá ver tanto a sua imagem como o seu relacionamento melhorar com os seus pares.
A visita ao país dos presidentes de Portugal, Cabo Verde, Ghana, Senegal, Niger, S. Tomé e Príncipe revelam ao mundo uma imagem positiva do país uma vez que é uma ilustração evidenda estabilidade reinante.
Afinal, quem é Umaro El Mokhtar Sissoco Embaló?
General na reserva, El Mokhtar Embaló é, conforme dados divulgados à mídia, detentor de especialidade em “mediação política internacional, defesa e cooperação” e, também, em assuntos africanos e do Médio Oriente. Não são apontadas as situações em que interveio nem local e as respectivas datas.
El Mokhtar é licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Técnica de Lisboa e possui Mestrado e Doutoramento pela Universidade Complutense de Madrid, Espanha, na área das Ciências Políticas e Sociais e Relações Internacionais, respectivamente.
Na área da Defesa e Militar, Sissoco Embaló tem Formação no domínio de Estudos de Defesa Nacional, em Espanha, e, Formação em Inteligência, Segurança e Estratégia, na Bélgica.
Consta que o General possui outras formações académicas efetuadas em Israel, Estados Unidos, Japão e África do Sul.
El Mokhtar Embaló é poliglota; fala seis línguas: Português, espanhol francês, inglês, swahili e árabe.
Acredita-se, nalguns meios em Bissau, que a bengala em que o General PR se apoia quando se desloca, tem “poderes mágicos”, ou seja, a faculdade de lhe conferir capacidades especiais, que vão desde invisibilidade à proteção contra feitiços e invulnerabilidade contra balas reais.